segunda-feira, 11 de julho de 2011

JÁ GUARDOU SEUS R$ 0,05 HOJE?



Todos nós sabemos que é importante poupar e investir. Chavões (às vezes verdadeiros, se estudarmos um pouco de Economia) do tipo "quem guarda, tem" e "quem poupa ajuda o País" são despejados continuamente em nossos ouvidos.

Entretanto, nem sempre parece possível. Muitas vezes encontramo-nos em situações nas quais parece difícil prover a própria subsistência, quanto mais "guardar para o futuro" ou "ajudar o País". Traduzindo: o sujeito trabalha 8 horas por dia em troca de um salário mínimo, ainda faz horas extras, sempre que possível faz uns "bicos" e nem assim consegue sustentar direito a família! Como exigir de um cidadão em tal situação que "poupe", "invista", "pense no futuro do País” e “em seu próprio futuro"?

Apelando para mais frases feitas: "uma caminhada de 1.000km's começa com o primeiro passo" e "o primeiro passo para resolver-se um problema é admitir que ele existe". Ou seja, mesmo ganhando pouco e tendo dificuldades em manter-se, você precisa pensar no futuro sim e pensar em poupança sim!

Você, caro leitor, já se deu conta de como desprezamos pequenos valores? Às vezes, perdemos uma moedinha de R$ 0,05 ou R$ 0,10 e nem damos importância. A sabedoria popular (nesse caso, não tão sábia, em minha humilde opinião) costuma batizar as pequenas quantias com apelidos do tipo "pixolé", "dinheiro de pinga", "café pequeno" e "trocadilhos" (esta última, admito de minha própria autoria); sem, no entanto, dar conta de que um acúmulo de pequenos valores formam médios valores e o acúmulo destes podem vir a formar grandes valores.

Ahhh, se soubéssemos valorizar o cofrinho da infância...

Ou melhor, se TIVÉSSIMOS APRENDIDO NOÇÕES BÁSICAS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA NA INFÂNCIA...

Parafraseando Raul Seixas, "pense num dia com gosto de infância"; volte no tempo e procure lembrar daquele porquinho de louça (ou do cofrinho de papelão com tampa e base metálica que ganhava de presente do banco mesmo). Imagine que, se naquela época você dispusesse de uma calculadora financeira e tivesse a sorte de algum adulto ensinar-lhe a operá-la.

Levando-se em conta que você costuma guardar no cofrinho uma moedinha de R$ 0,05 dia sim dia não, e que, considerando que guarde em média 15 moedas de R$ 0,05 por mês:

R$ 0,05 X 15 dias = R$ 0,75

Então, pegue sua calculadora financeira e calcule:

PV = R$ 0,75

i = 0,65% ao mês

n = 1 mês

FV = R$ 0,75

onde:

PV = Valor presente (valor da quantia no início do mês)

i = Taxa de juros mensal

n = nº de meses

FV = Valor futuro (valor da quantia, acrescida de juros no final do mês)

Ok, R$ 0,75 é um valor aparentemente tão ínfimo que os juros sobre ele calculados não chegam a promover nenhum acréscimo em um mês.

Entretanto, você aprende a utilizar uma nova teclinha de sua calculadora financeira, chamada de "PMT", que representa o valor de cada depósito periódico (no caso, cada depósito mensal). Levando em conta, seus R$ 0,75 iniciais (que não rendaram nada no primeiro mês), os R$ 0,75 que você vai guardar todos os meses se juntando moedinhas de R$ 0,05 dia sim, dia não e a taxa de 0,65% ao mês; você resolve prever o que vai acontecer em um ano:

PV = R$ 0,75

PMT = R$ 0,75

i = 0,65% ao mês

n = 11 meses

FV = R$ 9,33

Aí, a coisa muda totalmente de figura! Você percebe que, uma simples moedinha de R$ 0,05 guardada dia sim, dia não; se bem aplicada, pode resultar em praticamente uma nota de R$ 10,00 em um ano! "Imagine, então se eu guardasse R$ 0,25 dia sim, dia não; R$ 0,50 dia sim, dia não; R$ 1,00 dia sim, dia não; R$ 5,00 dia sim, dia não...

Seu entusiasmo infantil automaticamente lhe empurrará para guardar bem mais do que uma moedinha de R$ 0,05 dia sim, dia não...

Vamos saindo desse exercício de volta à infância e voltemos ao caso do trabalhador que se vira 8 horas por dia, faz horas extras, ainda arruma tempo para biscates e, ainda assim não consegue prover a sua subsistência e a dos seus. Será que R$ 0,05 a menos dia sim, dia não fariam diferença? Será que menos R$ 0,75 mensais em seu bolso piorariam ainda mais sua situação?!!! E R$ 1,50; R$ 3,75; R$ 7,50; R$ 15,00 e assim por diante?!!!

Pois bem, caro leitor. "Quem guarda tem", "quem poupa ajuda o País", "uma caminhada de 1.000 km's começa com um primeiro passo", "quem não sabe administrar pequenas quantias, jamais aprenderá a administrar grandes quantias", "de grão e em grão, a galinha enche o papo", "de tostão em tostão se chega ao milhão"... Bem, esta última, admito é um tanto exagerada.

De qualquer forma, o importante é conscientizar-se de que os "trocadilhos", "pixolés" e "dinheiro de pinga"; se acumulados e bem administrados podem render bons frutos a longo prazo. Desperte aquela criança entusiasmada que você foi um dia, porém, com algum conhecimento básico de Matemática Financeira, adquira novamente seu cofrinho e boa sorte!! Afinal,o que você tem a perder? Pixolés, trocadilhos e dinheiro de pinga?

A propósito, caro leitor:

JÁ GUARDOU SUA MOEDINHA DE R4 0,05 HOJE?

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